Resultado foi pior que as estimativas dos analistas. Em 12 meses, o IBC-Br subiu 4,73%, segundo o Banco Central
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,99% em janeiro, na comparação dessazonalizada com dezembro do ano passado, conforme divulgado nesta quinta-feira pela autoridade monetária. O resultado ficou abaixo do piso das projeções colhidas pelo Valor Data junto a 30 consultorias e instituições financeiras, que iam de -0,7% a +0,6%, com mediana das estimativas em -0,2%.
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Em relação a janeiro do ano passado, o IBC-Br subiu 0,01%. Em 12 meses, a alta foi de 4,73%. Devido às constantes revisões, o indicador acumulado no período é mais estável do que a medição mensal. Em dezembro, o indicador havia subido 0,32% (dado revisado de +0,33%) contra novembro.
Por fim, na média móvel trimestral, usada para captar tendências, o IBC-Br teve queda de 0,07% em relação aos três meses encerrados em dezembro.
O IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do BC, de frequência mensal, permite acompanhamento mais frequente da evolução da atividade econômica, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) de frequência trimestral, descreve um quadro mais abrangente da economia.
Inflação e endividamento pesam no IBC-Br dos próximos meses
Enquanto a variante ômicron e os gargalos na indústria pesaram negativamente para o IBC-Br de janeiro, a inflação e o endividamento das famílias pode ameaçar a expansão do indicador nos próximos meses, afirma Marina Garrido, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
“Já estávamos esperando crescimento pior por conta do efeito da ômicron sobre serviços, com queda da mobilidade. Comércio e indústria tiveram desempenho fraco. Além dos gargalos, do lado da demanda, o rendimento mais baixo, a inflação mais alta e o endividamento das famílias dificultaram elas consumirem”, afirma Marina.
Olhando adiante, a perspectiva é que a indústria continuará afetada por gargalos – situação que pode piorar a depender dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e levar a uma normalização apenas em 2023, diz. Já comércio deve ficar no zero a zero, mais por conta da inflação e do endividamento das famílias.
Para o ano, a previsão é que o setor de serviços puxe a atividade. “Até o segundo semestre, devemos continuar compensado as perdas”, prevê a economista, ao citar a recuperação de serviços públicos, com gastos em educação e saúde. “Serviços será o motor do crescimento em 2022.”
O FGV Ibre espera crescimento de 0,6% do PIB neste ano.