O Imparcial Podcast dessa semana deu o que falar, conduzido pelo jornalista Marcos Alexandre, ao lado da professora Ilda Furakão, os convidados Victor Jansen e Jonathas Moura protagonizaram uma discussão sobre política, religião e outros temas. A conversa foi marcada pela diversidade de visões e abordagens que ambos os convidados trouxeram para o debate.
Jonathas Moura, jornalista de 23 anos e adepto da vertente de direita, direciona sua produção de conteúdo para oferecer perspectivas alternativas aos jovens, em contraposição às possíveis doutrinações presentes nas salas de aula. Sua atuação também se estende ao universo digital, onde participa ativamente de canais do YouTube, como o “hipócritas”, buscando abordagens e análises sobre temas que impactam a sociedade contemporânea.
Por outro lado, Victor Jansen, estudante universitário de direito e influenciador político conservador, destaca-se como um cristão engajado, trazendo suas convicções e visões alinhadas à direita política. Sua presença online e seu engajamento têm sido uma voz ativa na disseminação de valores conservadores, agregando uma perspectiva de relevância nos debates sobre questões políticas e sociais no cenário atual.
Direita e esquerda no Brasil
Marcos Alexandre, abordou a discussão acerca da existência da dicotomia entre direita e esquerda na política nacional ganhou destaque. Segundo o jornalista Victor Jansen, “a direita é muito nova no Brasil”. Ele apontou eventos como as manifestações pós-Dilma como marcos significativos para o surgimento dessa corrente política. Em contrapartida, salientou que “à esquerda esse entendimento de uma Economia mais voltada mais estatal mesmo mais intervencionista ela sempre existiu no Brasil.”
O jornalista argumentou que, por muito tempo, “não houve partidos conservadores no Brasil, partidos que queriam abraçar as pautas da direita”. Ele ilustrou sua posição mencionando a eleição de Dilma Rousseff como exemplo, sugerindo que não tinha uma eleição entre direita e esquerda porque não era a melhor das formas.
Jansen destacou a ascensão de Bolsonaro. “O Bolsonaro ele é de direita apesar de ter feito parte de partidos do centro porque não existiam partidos para representar essas pautas conservadoras.” Ele enfatizou que, embora recente, “a direita é um fenômeno muito mais jovem do que a esquerda.”
Em contraponto às observações de Victor Jansen, trouxe uma visão adicional sobre a emergência da direita no Brasil. Ele referenciou Carvalho ao expressar que “a direita é uma ejaculação precoce no Brasil”, apontando que este movimento político surgiu como uma reação à gestão de Dilma Rousseff. Ele ressalta que esse movimento inicial pode ser considerado “uma revolta”, dando origem ao que foi posteriormente denominado como direita.
Para Moura, esse movimento inicial começou a evoluir e amadurecer. Ele expressou sua perspectiva pessoal ao destacar que Bolsonaro surgiu como a figura que representava as aspirações desse grupo, preenchendo um vazio deixado pelo governo anterior. Na visão do estudante, o início do mandato de Bolsonaro foi uma oportunidade importante para a direita brasileira, que, em seu processo de amadurecimento, começou a manifestar uma característica nova: a discordância interna.
Ele argumentou que enquanto a esquerda é mais madura nesse aspecto, tendo existido por muitos anos e possuindo diversas facetas, a direita, ao contrário, demonstra um fenômeno diferente. Moura destacou que dentro da direita contemporânea, criticar Bolsonaro pode gerar uma reação adversa, onde “se você se diz de direita, se diz conservador e faz uma crítica Clara ao Bolsonaro, você é de esquerda”, disse.
Juventude e política
Questionado pela professora Ilda Furakão, sobre o que atribui o interesse dos jovens na política, Jonathas Moura foi enfático. “na minha visão e minha opinião isso tudo se deve ao sistema Paulo freiriano de ensino né, ao método Paulo freiriano de ensino que é utilizado no Brasil.”
Ele apontou para o sistema educacional brasileiro, mencionando que, embora o país invista significativamente em educação, encontra-se em posições desfavoráveis no ranking global de educação, como o PISA. Para ele, o método de ensino de Paulo Freire, conhecido por valorizar a conscientização crítica, muitas vezes tende mais para uma “certa doutrinação disfarçada” do que para um enfoque prático e técnico que poderia alavancar o crescimento educacional do Brasil.
O estudante expressou sua opinião sobre a possível motivação de parte dos políticos brasileiros, afirmando que “grande parte, arrisco a dizer que está interessada em ter o nível de Educação do Brasil lá embaixo.” Ele argumentou que um maior investimento em educação levaria a um desenvolvimento do senso crítico das pessoas, o que poderia questionar políticas públicas anteriores, algo que, na visão dele, poderia não interessar a uma certa classe política. Ele enfatizou que isso poderia evitar que a população se tornasse refém de políticos medíocres.
Já o jornalista Victor abordou a questão educacional. “A classe política se interessa pelas pessoas como massa de manobra”. Ele destacou uma preocupação com o modelo educacional brasileiro, alegando que as escolas preparam indivíduos para dependerem do Estado. Na visão dele, ao saírem das instituições de ensino, os estudantes não possuem conhecimentos básicos para a vida adulta, como empreendedorismo ou até mesmo questões tributárias, o que os torna incapazes de lidar com as demandas essenciais para uma vida digna.
Victor enfatizou suas preocupações sobre o conteúdo doutrinado nas escolas, especialmente no que diz respeito ao ensino sobre questões ambientais. Ele relatou lembrar-se de aulas em que os professores apontavam para uma suposta escassez de água até 2025, criando um discurso alarmista que causava pânico entre os estudantes. No entanto, o jornalista pontuou que tais informações alarmistas não se concretizaram, criando um descompasso entre a narrativa ensinada e a realidade observada.
Para Victor, a questão ambiental ensinada nas escolas não se limita ao alarmismo, mas tem ramificações maiores. Ele argumentou que há uma narrativa subjacente que coopera com a ideologia de esquerda, promovendo um discurso de controle de natalidade e responsabilizando o ser humano como o causador dos problemas ambientais. Isso, segundo ele, se manifesta em conceitos que permeiam desde o ensino fundamental, influenciando ideias futuras sobre controle populacional, aborto e outras questões sociais.
Bolsonaro seria o culpado pela vitória do presidente Lula?
Marcos Alexandre questionou se, da mesma forma que Lula e Dilma elegeram Bolsonaro, vice-versa não teria acontecido com Bolsonaro eleger Lula, considerando suas falas. Ele destacou que “Bolsonaro nunca mudou, quem votou nele sabe que ele é igual há 30 anos atrás e falava o que tinha na telha. Lula e Dilma elegeram Bolsonaro com seus erros, seus problemas e vice-versa. Bolsonaro também não elegeu o Lula com suas controvérsias, seus discursos. Ele não respeitava a assessoria de comunicação dele, não respeitava a Secom, era um cara que não era dirigível.”
Em resposta, Jonathan afirmou que o presidente foi duramente atacado pela mídia e que sua atitudes seriam uma espécie de retaliação. ‘Eu concordo que às vezes ele fala o que não deve e tudo mais, é o jeitão dele, mas eu também não posso dizer que no lugar dele eu faria muito diferente. Apesar de eu ter uma personalidade diferente. Poxa, o cara era atacado todo dia, filho, mulher, criançinha, a filha mais nova, e cada um reage de uma forma.”
Ele reconheceu que Bolsonaro enfrentava perguntas tendenciosas, especialmente no “cercadinho”, onde jornalistas faziam questionamentos manipulados. Para Jonathan, essa abordagem da mídia contribuiu para a reação de Bolsonaro, embora não justifique todas as suas falas controversas. Ele ponderou sobre os motivos que levaram o presidente a agir dessa maneira, sem necessariamente concordar com tudo o que foi dito.
O estudante destacou que Bolsonaro foi eleito sob a proposta anti-establishment, inicialmente nomeando pessoas técnicas nos Ministérios. Porém, posteriormente, comprometeu-se com o Centrão, que, na visão dele, influenciou negativamente o governo. Jonathan concluiu dizendo que não acredita que Bolsonaro tenha eleito Lula, mas que o sistema, aliado à mídia, limitou suas ações.
Victor Jansen acrescentou sobre eventual eleição de Lula. “Eu acho que é muito reducionista falar que o Bolsonaro elegeu o Lula porque é o Bolsonaro. Eu acho que todos os presidentes falam coisas ruins, coisas erradas, ou que podem ser consideradas besteiras ao longo da história.”
Ele argumentou que Bolsonaro, por ser o presidente mais vigiado pela mídia, sofreu um escrutínio constante em seus discursos, o que, segundo Jansen, não é incomum para um presidente. Ele enfatizou que muitas vezes as palavras de um presidente são distorcidas pela mídia, ressaltando que, se qualquer pessoa fosse filmada por 24 horas, provavelmente diria algo inapropriado em algum momento.
O jornalista expressou solidariedade a Bolsonaro, considerando o assédio midiático e ataques pessoais direcionados a ele e sua família. Ele ponderou que, diante das circunstâncias, não tem certeza se ele próprio agiria de forma diferente do presidente. Jansen destacou que, ao votar em Bolsonaro, as pessoas estavam cientes de seus erros, mas acreditavam que ele era uma opção melhor em relação ao PT.
Ele apontou que o sistema político também desempenhou um papel significativo, mencionando que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por exemplo, impediu a divulgação de informações verdadeiras durante a eleição, como o posicionamento de determinados candidatos sobre o aborto, o que, na visão dele, privou o público de dados importantes para a tomada de decisão.
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