E como seria um cenário sem Bolsonaro e Lula nas urnas?

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Denúncia da PGR contra ex-presidente e indefinição sobre a candidatura de Lula abrem caminho para novos concorrentes na disputa pelo Planalto no próximo ano.

Fevereiro trouxe movimentações significativas para o cenário político de 2026. Na oposição, a denúncia enviada pela PGR ao STF nesta semana torna a candidatura de Jair Bolsonaro ainda mais improvável, reforçando sua inelegibilidade já determinada pelo TSE. No governo, Lula aumentou as incertezas sobre sua intenção de disputar um novo mandato, abrindo espaço para a discussão de um possível sucessor. Suas chances de concorrer diminuíram ainda mais diante da expressiva queda de popularidade apontada por pesquisas de opinião.

Caso os dois líderes que dominaram a política desde 2018 fiquem fora da disputa, abre-se espaço para a ascensão de novos nomes. Seja à esquerda, à direita ou ao centro, nenhum dos possíveis postulantes ao Planalto possui a mesma força política de Lula, eleito presidente três vezes, e de Bolsonaro, que esteve muito próximo de vencer a última eleição. Nesse contexto de indefinição, as chances para outros candidatos chegarem competitivos a 2026 aumentam consideravelmente.

Nem Lula nem Bolsonaro têm sucessores políticos com o mesmo potencial eleitoral. Embora possam transferir votos, nenhum aliado ou correligionário demonstrou, até o momento, capacidade para repetir o desempenho dos dois. Assim, figuras como Fernando Haddad, Geraldo Alckmin e Camilo Santana, no campo governista, e Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Romeu Zema, na oposição, ainda precisam convencer o meio político e a população de que podem vencer a próxima eleição presidencial.

O cenário de incertezas também abre espaço para o crescimento de candidaturas fora do circuito tradicional dos partidos, como a do influenciador digital Pablo Marçal e do cantor Gusttavo Lima. Ambos aparecem bem posicionados nas pesquisas para 2026, demonstrando competitividade e potencial para, no mínimo, agitar a campanha dos concorrentes com trajetórias políticas convencionais. A presença desses novos atores representa um desafio significativo para os partidos e candidatos tradicionais.

A denúncia da PGR revela os bastidores da conspiração golpista

As 272 páginas da denúncia da PGR, acompanhadas dos vídeos da delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, liberados pelo ministro Alexandre de Moraes, dominaram o noticiário político da semana. As novas revelações e a confirmação de fatos já conhecidos expõem em detalhes a tentativa de golpe de Estado contra a posse de Lula, atingindo diretamente o campo político formado em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro desde 2018.

O material divulgado descreve minuciosamente os movimentos de militares próximos ao então presidente, tornando explícito o envolvimento de generais e outros oficiais das Forças Armadas na conspiração. A reconstituição dos fatos apresentada na denúncia e na delação de Cid evidencia como a democracia brasileira, construída com grande esforço pela população e por lideranças políticas, esteve à beira da interrupção por grupos nostálgicos da ditadura instaurada em 1964.

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Os impactos da denúncia no cenário eleitoral ainda serão avaliados ao longo das próximas semanas e meses, refletindo nas reações políticas e nas pesquisas de opinião. Aliados de Bolsonaro, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seguem analisando os desdobramentos do avanço do processo contra o ex-presidente. Ainda que a exposição pública dos fatos cause impacto na sociedade, é provável que parte do eleitorado relativize o episódio na hora do voto. De qualquer forma, candidatos do campo bolsonarista devem continuar competitivos em 2026. O peso dessa tentativa de golpe no resultado das eleições servirá como um termômetro da percepção dos brasileiros sobre a importância da democracia.

Alcolumbre descarta anistia, enquanto reforma ministerial empaca

Um posicionamento importante sobre a denúncia da PGR veio do presidente do Senado. Em declaração à imprensa, Davi Alcolumbre (União-AP) afirmou que o caso deve ser tratado pelo Judiciário. Com isso, o senador enfraquece as tentativas do grupo de Bolsonaro de articular uma anistia para os envolvidos na tentativa de golpe.

Enquanto isso, a reforma ministerial segue travada. Em meio à turbulência política, Lula enfrenta dificuldades para concluir as mudanças planejadas em sua equipe. Mais uma semana se passou sem que novos nomes fossem confirmados para substituir ministros. O cenário permanece praticamente inalterado, com especulações sobre o aumento da influência do Centrão – impulsionadas pela queda de popularidade do presidente e do governo – e disputas internas dentro do PT.

Nas últimas apostas para a reforma, ganha força a possível nomeação da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, para a Secretaria-Geral da Presidência, enquanto o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pode ser transferido para o Ministério da Saúde.

Suspensão do Plano Safra gera atrito com o agronegócio

A suspensão dos financiamentos do Plano Safra, anunciada na quinta-feira (20), criou um novo ponto de tensão entre o governo e o agronegócio. De acordo com o Ministério da Fazenda, a medida foi necessária devido à não aprovação da Lei Orçamentária de 2025 pelo Congresso. Em resposta, o ministro Fernando Haddad informou que enviará um ofício ao TCU (Tribunal de Contas da União) para tentar viabilizar a liberação dos recursos.

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