Pastor ignora conselho de Bolsonaro e acusa Motta de conluio com Moraes.
O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, desconsiderou a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e retomou os ataques ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), menos de um dia após um encontro entre os dois para tratar do projeto de lei que propõe anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.
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Malafaia, responsável por organizar todas as manifestações públicas de Bolsonaro desde o fim do mandato, afirmou que Motta estaria atuando contra a proposta da anistia, por, segundo ele, manter alinhamento com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O pastor acusa o deputado de cancelar a reunião de líderes marcada para esta quinta-feira para evitar que o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) apresentasse as 257 assinaturas necessárias para colocar a urgência do projeto em pauta.
Segundo Malafaia:
— Ele (Motta) cancelou a reunião com medo da apresentação das assinaturas. Semana que vem, as sessões serão remotas. A verdade é que ele está completamente alinhado com Alexandre de Moraes, a quem considero um ditador togado. Além disso, ele e o pai estão sob investigação da Polícia Federal. Não adianta segurar isso. No dia 21, Sóstenes vai apresentar as assinaturas e o povo paraibano saberá responder a Hugo Motta nas urnas.
Mais cedo, Bolsonaro havia pedido cautela ao pastor e sugerido que cessassem os ataques a Motta, orientando o partido a seguir no caminho da negociação. Em entrevista ao podcast Direto de Brasília, da Folha de Pernambuco, o ex-presidente elogiou a atuação do pastor na mobilização realizada no último domingo, mas reconheceu o estilo mais combativo de Malafaia.
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— Malafaia é muito direto e contundente. O evento em São Paulo só foi o que foi por causa dele. Mas, ao contrário dele, eu sou bombeiro. Ele se irrita com muita coisa.
Bolsonaro também avaliou que o pastor não compreende a dinâmica do Congresso Nacional, e que tentar forçar decisões pode ser ineficaz.
— Ele é autêntico, mas não entende como funciona o Parlamento. É um líder cristão respeitado, psicólogo, mas não tem a experiência legislativa que tive. Foram 28 anos como deputado, dois como vereador e mais quatro na presidência. No Congresso, não se resolve tudo na pressão. Se agir assim, não se chega a lugar algum. Ele queria manter as obstruções, mas tudo tem limite.
Desde o domingo anterior, Malafaia tem elevado o tom contra Hugo Motta. Durante discurso na Avenida Paulista, acusou o deputado de tentar travar a tramitação da anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos. Dois dias depois, publicou um vídeo nas redes sociais reforçando as críticas e alegando que Motta estaria priorizando pautas de interesse do Judiciário.
Na quarta-feira, durante uma reunião, Bolsonaro cobrou pessoalmente do presidente da Câmara uma postura mais alinhada com a base bolsonarista em relação ao projeto. Ele também demonstrou insatisfação com a atuação do Republicanos em São Paulo, onde deputados importantes — como Celso Russomanno — não assinaram o pedido de urgência.
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Apesar de filiado ao PL, Bolsonaro mantém forte influência sobre parlamentares do Republicanos tanto na Câmara quanto no Senado. Entre os nomes que já manifestaram apoio à anistia estão os senadores Hamilton Mourão (RS) e Damares Alves (DF), além do governador paulista Tarcísio de Freitas.
O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, tem sido pressionado a garantir o maior número possível de assinaturas em apoio ao projeto. No entanto, ainda demonstra dúvidas quanto ao momento ideal para avançar com a proposta. Diante disso, Bolsonaro intensificou sua articulação diretamente com Hugo Motta.
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