“As pessoas são muito interessantes. O processo ainda nem terminou, e já pedem anistia. Será que não acreditam na própria inocência?” questiona Lula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (5/2), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não deve ser absolvido pela tentativa de golpe de Estado, motivo pelo qual foi indiciado pela Polícia Federal.
Lula também condenou os pedidos de anistia antes da conclusão do processo e destacou que aqueles envolvidos na conspiração para assassinar o presidente, o vice-presidente e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também não merecem perdão.
Relembre o caso
A Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras pessoas por participação em um plano golpista, incluindo crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe e organização criminosa. Entre os investigados estão ex-ministros, militares e ex-assessores presidenciais.
A apuração revelou o plano chamado Punhal Verde e Amarelo, que previa o assassinato de figuras centrais do governo e do Judiciário, como Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo a PF, Bolsonaro tinha conhecimento da trama.
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“Quem tentou dar um golpe não merece absolvição”
Sem citar diretamente Bolsonaro, Lula enviou um recado ao ex-presidente e criticou os pedidos de anistia antes do fim do julgamento.
“As pessoas são muito interessantes. O processo ainda nem terminou, e já pedem anistia. Será que não acreditam na própria inocência? Deveriam aguardar o julgamento e se defender”, afirmou o presidente.
Lula ressaltou que os acusados terão direito a um julgamento democrático e amplo direito de defesa. “Agora, quando alguém que nem foi condenado já pede anistia, está, na prática, se declarando culpado. Eles sabem o que fizeram.”
O petista também afirmou que, se a Justiça permitir Bolsonaro concorrer às eleições, ele disputará. “Desta vez, ele terá direito de defesa, algo que eu não tive. Mas se ele puder ser candidato e for contra mim, perderá novamente. Porque neste país, a mentira não vence mais uma eleição.”
PL da Anistia
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou no domingo (2/2) que o futuro do Projeto de Lei (PL) da Anistia, que beneficia os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, será discutido nos próximos dias com líderes partidários.
Motta garantiu que tratará o tema com “imparcialidade”, mas reforçou a necessidade de responsabilidade e cautela.
A proposta foi celebrada por Bolsonaro, que, em entrevista ao Metrópoles, afirmou que sua aprovação “não lhe traria ganhos próprios”.
“Não é a minha anistia. Afinal, não estou condenado por nada”, declarou. “É para dezenas de pessoas que receberam penas absurdas. Trata-se de uma anistia humanitária.”
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