O Rio de Janeiro Vive um Dia de Violência Extrema com Número Recorde de Ônibus Incendiados
Na última segunda-feira (23), ocorreram incêndios em pelo menos 35 ônibus e um trem no Rio de Janeiro. Estes ataques aos veículos foram uma reação à morte de Matheus da Silva Rezende, também conhecido como Faustão, um dos líderes da maior milícia do estado.
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Esses incidentes causaram um caos no trânsito da zona oeste da cidade, afetando oito bairros e resultando no fechamento de diversas vias. Como consequência, as estações de transporte público ficaram lotadas com pessoas tentando retornar para casa, e longas filas se formaram nos pontos de ônibus.
De acordo com o Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus da cidade, este foi o dia com o maior número de ônibus incendiados na história do Rio de Janeiro. Dos 35 coletivos destruídos, 30 eram municipais e cinco eram BRTs (veículos articulados usados em corredores expressos).
A Supervia, a concessionária responsável pelas linhas de trem, confirmou o ataque na estação Tancredo Neves, localizada entre os bairros de Paciência e Santa Cruz, na zona oeste. A empresa declarou que “um trem que partia de Santa Cruz em direção ao centro, às 18h04, foi abordado por criminosos nas proximidades da estação Tancredo Neves. O maquinista foi forçado pelos criminosos a abrir as portas, descer do trem e retornar à estação.”
O primeiro ônibus incendiado foi encontrado na rua Felipe Cardoso, próximo ao BRT Cajueiros, em Santa Cruz. Consequentemente, a concessionária que administra o BRT interrompeu a circulação no corredor Transoeste, que liga a Barra da Tijuca a Campo Grande e Santa Cruz, na zona oeste. Nesse corredor, três ônibus articulados foram incendiados, e uma estação (Santa Veridiana) também foi alvo de incêndio, com tentativas de incendiar outras três estações. A avenida Brasil, uma das principais vias da cidade, também chegou a ser fechada, mas posteriormente foi reaberta.
Ademais, a Supervia fechou seis estações: Benjamin do Monte, Inhoaíba, Cosmos, Paciência, Tancredo Neves e Santa Cruz, todas localizadas na zona oeste.
Às 18h40, o município entrou em estado de atenção, o terceiro nível em uma escala de cinco. Nesse horário, havia 58 quilômetros de congestionamento na cidade, o dobro da média das últimas três segundas-feiras, conforme informações da prefeitura. Aplicativos de viagens relataram um aumento de até quatro vezes o custo normal das viagens.
Doze pessoas suspeitas de incendiar ônibus foram presas e encaminhadas para presídios federais. O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que os responsáveis pelos ataques serão acusados de terrorismo.
“Entrei em contato com o prefeito Eduardo Paes [PSD] e o ministro da Justiça, Flávio Dino. Estamos em comunicação para garantir que o crime organizado encontrará em nós uma barreira firme contra o que eles [os criminosos] pretendem fazer no estado”, declarou Castro em coletiva de imprensa. Castro também destacou que todas as forças de segurança estão nas ruas devido aos incêndios.
Nas redes sociais, o prefeito Paes afirmou que as ações criminosas prejudicam a vida dos moradores das áreas que esses grupos dizem proteger. Como prefeito, ele apelou para que o governo estadual e o Ministério da Justiça atuem para evitar a repetição de tais eventos.
Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão, foi apontado pelo Ministério Público e pela polícia como o segundo no comando da maior milícia do Rio, atualmente denominada Milícia do CL. Esse grupo é liderado por Luís Antônio da Silva Braga, também conhecido como Zinho, que é tio de Faustão.
A polícia informou que Faustão foi baleado durante um confronto entre milicianos e agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) e do DGPE (Departamento Geral de Polícia Especializada) em Três Pontes, também na zona oeste da cidade. O suspeito foi levado ao Hospital Pedro 2º, mas não resistiu aos ferimentos, segundo a prefeitura.
Na ação, outros dois suspeitos foram presos, e com eles foram apreendidos dois fuzis, uma pistola, 15 telefones, 16 carregadores de fuzil, cinco coletes à prova de balas, munições e rádios comunicadores, de acordo com a polícia.
Em setembro, Faustão foi denunciado por ser um dos atiradores que mataram o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho. Jerominho fundou nos anos 2000 a Liga da Justiça, grupo que deu origem à milícia atualmente comandada por Zinho, de acordo com a Promotoria.
A advogada de Faustão, Leonella Vieira, criticou a atuação das forças de segurança. “O Estado precisa ser competente para prender e não covarde para executar com tiros nas costas, como rotineiramente vem acontecendo”, disse ela. “A sociedade precisa se questionar porque quando se trata de integrantes da família Braga, o alto escalão da Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro não efetua prisões, apenas execuções.”
Em sua coletiva de imprensa na segunda-feira, o governador do Rio afirmou que está empenhado em prender as três principais lideranças criminosas do estado, incluindo Zinho. A lista inclui também Danilo Dias Lima, suspeito de liderar uma milícia e conhecido como Tandera, e Wilton Quintanilha, também conhecido como Abelha, suspeito de ser um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho.
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