Paulo Fernando contou sua trajetória política, começando em uma família de classe média. Com uma mãe professora universitária e um pai médico, teve a oportunidade de frequentar excelentes colégios em Brasília, onde se destacou como aluno exemplar.
“Sou de Brasília, mas minhas raízes familiares se estendem até o Piauí e Portugal. Tenho até nacionalidade portuguesa. No aspecto esportivo, sou botafoguense, a ovelha negra da família por essa escolha peculiar.”
Seu caminho inicialmente voltado à vida religiosa tomou um curso inesperado quando o Bispo, após sua tentativa no seminário para ser padre, o aconselhou a seguir sua verdadeira vocação: Direito. “O Bispo percebeu minha inclinação para a política ao ver meu interesse na Assembleia Nacional Constituinte. Ele me disse para fazer Direito e Ciência Política, e foi assim que encontrei minha vocação.”
Com uma base sólida em educação católica, casamento estável e quatro filhos, o Deputado Federal não só revela uma história de sucesso político, mas também uma jornada marcada por superações.
Início na Política
Ao detalhar seu início na política, o deputado revelou um capítulo intrigante de sua vida. “Durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1987, iniciei minha jornada política. Trabalhei na Câmara dos Deputados como office boy, sob a liderança da saudosa deputada Sandra Cavalcante, líder da frente parlamentar católica. Foi ali que comecei a entender o funcionamento das coisas.”
Com a formação em Direito e especialização em Processo Legislativo e Regimento Interno, Paulo Fernando tornou-se um educador nesse campo. “Há muitos anos dou aulas de Regimento Interno. Quando deputados novos chegavam à Câmara, eu era escalado para ensiná-los. Tive alunos ilustres, como a Senadora Damares e o renomado Dr. Eneas Carneiro do PRONA- Partido de Reedificação da Ordem Nacional, com quem tive a oportunidade de trabalhar por seis anos.”
Sobre a conduta dos deputados em relação ao Regimento Interno, Paulo revelou uma realidade desafiadora: “Muitos deles não se interessam em aprender. Delegam isso às suas assessorias, e isso é um problema. Ao longo dos meus mais de 30 anos no ambiente parlamentar, percebi que muitos não se dedicam. Infelizmente, muitos não comparecem, não estudam a pauta, e isso cria uma lacuna na essência do trabalho legislativo.”
O jornalista Marcos Alexandre indagou se os deputados cumprem adequadamente o regimento interno. “Muitos não se dedicam a compreendê-lo. Ficam muito ligados à orientação de suas assessorias, muitas vezes desconectados da essência do que deveriam fazer. A esquizofrenia das redes sociais os envolve. É mais sobre tirar fotos do que sobre a essência de apresentar requerimentos, votos separados, emendas e destaques. São poucos os que buscam a fundo o conhecimento sobre como a coisa funciona”, declarou.
CPMI 8 de janeiro
Marcos Alexandre trouxe à tona o evento de 8 de janeiro, destacando o que considerou um ato grotesco, apontando a generalização de todos os presentes como potenciais terroristas, ressaltando que a intenção de dar um golpe não necessariamente significa que o golpe tenha ocorrido legalmente, mencionando lacunas na investigação da CPMI e episódios considerados grotescos.
O professor enfatizou a superficialidade da investigação. “Eu acho que ela está muito superficial. Nós tivemos lá o depoimento do General Gonçalves Dias em que a senhora relatora não fez as perguntas que eram realmente fundamentais, ficaram muitas lacunas”, disse.
Ele defendeu a ausência de depoimentos de pessoas presas no evento, afirmando que muitos estavam lá como turistas ou curiosos. “Muita gente estava lá como turista, e obviamente nós tínhamos os vândalos também que destruíram o patrimônio, que merecem ser responsabilizados, a dosimetria da pena em relação aos primeiros que estão sendo julgados está muito alta. Acho que 17 anos é muito alto, eu acho muito alto para pessoas que têm bons antecedentes, pessoas que trabalham, estudam, têm sua família, e que muitas vezes foi colocado uma acusação genérica como se todos tivessem feito a mesma coisa.”
STF x Congresso Nacional
Marcos abordou a relação tumultuada entre o Executivo e o Judiciário, destacando o comportamento do ex- presidente Bolsonaro. Ele questionou se essa falta de maturidade poderia ter contribuído para os problemas institucionais no Brasil.
O Deputado Fernando explicou a dinâmica dos poderes e a forma como cada um tem sua competência, mas mencionou o constante abalo à competência do Congresso, alegando que o Supremo estaria legislando em seu nome, citando casos como o uso de algemas e a fixação do número de vereadores.
Sobre a postura de Bolsonaro, Marcos enfatizou sua percepção de um líder despreparado emocionalmente, envolvido em confrontos com a imprensa, blogueiros, analistas e congressistas, utilizando palavras desproporcionais para criticar o Judiciário.
O Deputado, que fez parte do governo, reconheceu esse aspecto, chamando-o de “arroubo” ou uma pressão latente devido ao jeito transparente e impulsivo do presidente. Ressaltou que apesar desses momentos, o governo foi corajoso e honrado. “Eu, como um bom professor, se fosse dar uma nota, não ficaria de recuperação. Não teria um 10, mas não ficaria de recuperação.”
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