O JOGO DO PODER COM MARCOS ALEXANDRE
Corredores dessa corrida têm tudo para saírem vitoriosos, porém,
se não corrigirem a rota, não chegam ao seu destino.
Hoje é um dia muito feliz, aliás revigorante, pois retorno a escrever, a opinar, algo que amo e amo de verdade. Algo que, em uma cadeira administrativa durante os últimos quatro anos estava limitado de fazer. São mais de 20 anos no jornalismo, e já passei por diversas funções: desde fotógrafo, operador de câmera, apresentador de rádio e TV, essas também são paixões minhas. Mas, acima de tudo, sou apaixonado por uma boa coluna jornalística, especialmente quando o tema é política.
Agora teremos um encontro marcado em nossa coluna semanal, ”O Jogo do Poder” onde falaremos sobre tudo, desde política a religião. Nessa primeira coluna, falaremos sobre as Eleições ao Governo do Estado de Goiás, pleito que será atípico, pois teremos Ronaldo Caiado como possível candidato a presidência da república e com o desafio de deixar um sucessor no Palácio das Esmeraldas.
E QUE COMECEM OS JOGOS
A corrida para as próximas eleições em 2026 já começou, e com um ritmo bastante acelerado em todo o território nacional. Nos bastidores, alianças estão sendo formadas e também sendo quebradas em um piscar de olhos. Na capital de todos os goianos, nossa amada Goiânia, as apostas são para quem será o vice de Daniel Vilela, atual vice-governador do estado. De um lado, temos o poderoso cinturão político da capital, que, ao longo de décadas, tem sido o responsável por indicar vices e fazer as composições na cabeça de chapa. Do outro, temos o entorno do Distrito Federal, uma região com um dos maiores colégios eleitorais do Centro-Oeste, mas que não elege um representante para o Palácio das Esmeraldas há muito tempo.
E quando digo muito tempo, é muito tempo mesmo. O entorno do DF só teve representantes no Palácio das Esmeraldas em duas situações, em 1947,na República Populista com o médico Hosanah Guimarães de Planaltina de Goiás, que em 1950 se tornaria governador e em 1987 na Nova República com Joaquim Roriz de Luziânia, ele mesmo que futuramente se tornaria Governador do Distrito Federal e uma lenda na Política Nacional.
Desde então, a região do entorno tem sido mais um trampolim político tanto para o Palácio das Esmeraldas em Goiânia quanto para o Palácio do Buriti no Distrito Federal. Sem dúvida, é a área mais disputada e cortejada politicamente no Centro-Oeste durante as eleições estaduais. A grande questão é: desta vez, finalmente, teremos um representante eleito para o executivo goiano? Para o Palácio?
Tudo indica, infelizmente, que mais uma vez não teremos esse representante. Os maratonistas dessa corrida intensa são até promissores, porém, como diz o querido psiquiatra, professor e escritor brasileiro Auguto Cury; ”Não tropeçamos nas grandes montanhas, mas nas pequenas pedras”. E as pequenas pedras nas quais estão fazendo eles tropeçarem e caírem são bem conhecidas de todos, o ego e a individualidade, eita, que essas pedrinhas são cruéis.
DIEGO SORGATTO E A DISTÂNCIA QUE GEROU DISTÂNCIA
Vamos falar sobre três desses corredores promissores. O primeiro é Luziânia, cidade do lendário Joaquim Roriz, a sexta maior de Goiás, com mais de 218 mil habitantes. Seu jovem prefeito, Diego Sorgatto, se destaca como um nome cotado para o cargo de vice-governador ao lado de Daniel Vilela em 2026. Com uma trajetória política sólida, Diego ajudou Luziânia a registrar a quarta maior votação para o governador Ronaldo Caiado em 2022, ficando atrás apenas de Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia.
A carreira de Diego começou cedo, aos 17 anos, quando foi eleito vereador, e desde então passou por várias funções: presidente da Câmara Municipal, secretário de Esporte e Lazer, gestor das pastas de Cultura e Juventude e administrador do Distrito do Jardim Ingá, um dos maiores do país. Em 2014, foi eleito o deputado estadual mais jovem da Assembleia Legislativa de Goiás, e em 2018, foi reeleito com 41.362 votos, consolidando-se como um dos três mais votados do estado. Em 2020, foi eleito prefeito de Luziânia e reeleito em 2024 com uma histórica votação de 75,32%.
Porém, apesar de ser um nome promissor, Diego ainda enfrenta desafios, principalmente em sua base política local e estadual, que não está totalmente unida. Essa falta de unidade, na visão de muitos, é resultado de sua distância nos últimos anos do entorno, o que também lhe custou a liderança da AMAB (Associação dos Municípios Adjacentes a Brasília). Além disso, a “pedra” da desincompatibilização — ele precisará se afastar do cargo em abril de 2026 — é um obstáculo que pode fazer diferença, já que ele ficaria fora por quase 7 meses, um tempo que, na política, pode ser decisivo.
O MAIOR OBSTÁCULO DE CARLINHOS DO MANGÃO
Em Novo Gama, cidade com 103.804 habitantes, Carlinhos do Mangão (Carlos Alves dos Santos) é uma força política. Aos 48 anos, ele foi eleito prefeito pela primeira vez em 2020, com 46,63% dos votos válidos, e reeleito em 2024 com uma impressionante votação de 78,82%. No entanto, seu grande desafio é o PL, partido que está dificultando sua relação com outros aliados políticos, como o governador Ronaldo Caiado e o vice-governador Daniel Vilela, com quem Carlinhos tem apoio, mas vê o PL como um obstáculo. A questão é: ele deve continuar no PL ou migrar para um partido da base governista, como o União Brasil ou o MDB?
Carlinhos, que tem grande respeito na região, enfrenta essa pedra no caminho. Ele precisa decidir se vai seguir com seu atual partido, que tem se mostrado adversário de Caiado e Vilela, ou se buscará uma maior proximidade com a base governista para avançar em sua carreira política.
“Com o PL, Carlinhos do Mangão é nota 2. Sem o PL, é nota mil”, afirma um prefeito influente e próximo de Ronaldo Caiado.
Diante desse cenário, surge a dúvida: Carlinhos do Mangão deve trocar o PL por um partido da base governista, como o União Brasil ou o MDB?
Fato é que, mesmo tendo o respeito de grande maioria dos prefeitos do entorno, Mangão tropeça em uma pedrinha chamada PL.
A PEDRA NO SAPATO DE LUCAS ANTONIETTI
É hora de atravessar para Águas Lindas de Goiás, município que abriga 225.671 habitantes, segundo o Censo de 2022. A cidade é uma das que mais cresceram nas últimas décadas no Brasil, se tornando a maior do entorno e a quarta maior do estado de Goiás. Lucas de Carvalho Antonietti, paulista de nascimento, mineiro de Coração e águaslindense de Paixão, Doutor Lucas, como é conhecido, é uma das grandes revelações políticas no estado de Goiás. Em 2020, venceu às eleições com 35 votos de diferença dos seus adversários, sim, no plural mesmo, adversários. Na época, Antonietti venceu não somente um candidato, mas a união de um grande grupo político formado por grandes lideranças, entre elas, Túlio, Tatico e Hildo do Candango. Vitória essa, intitulada de Davi contra Golias, acredite, acompanhei de perto essa batalha.
Ao passar dos anos, Lucas se mostrou um bom gestor, mas se revelou ainda, como um grande estrategista, trazendo para o seu grupo político, seus adversários, como Wilson do Túllio, candidato derrotado, hoje Secretário de Cultura do governo, Hildo do Candango, ex-prefeito, suplente de Deputado Federal, grande liderança no entorno, hoje sua esposa, Aleandra é vice-prefeita. Trouxe ainda o grupo Tatico na pessoa do Sargento Godoy, ex-candidato a vice na chapa com Wilson e Zé da Imperial, ex-deputado estadual e hoje todos fazem parte do primeiro escalão do governo Lucas. Como estrategista, não podemos negar que Lucas Antonietti é de longe um dos melhores do estado.
Porém, a pedrinha que tem feito o prefeito de Águas Lindas de Goiás tropeçar nessa corrida, apesar do carinho e respeito que tem Daniel Vilela e Caiado por ele, apesar da gestão diferenciada que o mesmo tem feito nos últimos anos, algo que foi confirmado nas urnas em sua reeleição, na qual conquistou a vitória com 83,08%. A pedrinha que tem sido um grande risco e que pode fazê-lo perder, é a ausência de relacionamento e sinergia política no entorno e no estado de Goiás.
Uma eleição na esfera estadual é totalmente diferente da esfera municipal, ela não é feita apenas com recursos, ou com gestão municipal, mas principalmente com sinergia com o estado, entorno e congresso nacional, algo que tem infelizmente faltado na carreira do Doutor Lucas.
Para que o prefeito de Águas Lindas de Goiás, avance nessa maratona, precisara intensificar a sua agenda política, em todo o entorno, trazer para perto os prefeitos e ex-prefeitos, lideranças políticas, está mais perto da ALEGO e do Congresso Nacional, principalmente da Base Caiadista, e claro que isso tem um grande preço, está mais presente, de forma diária, intensificando sua agenda partidária política.
Nessa maratona para o Palácio das Esmeraldas temos outros nomes, dos quais falarei em outras colunas. Para Diego, Lucas e Mangão fica a reflexão; se o entrono do DF não caminhar para uma unidade política, onde a vaidade, a zona de conforto e os egos aflorados não forem deixados de lado, mais uma vez, a região ficará ausente do executivo goiano.
AS MONTANHAS CHAMADAS BRUNO PEIXOTO E GUSTAVO MENDANHA
Se essas pedrinhas já está fazendo tropeçar esses maratonistas, imagina as montanhas Gustavo Mendanha e Bruno Peixoto, que segundo fontes , estão como favoritos no Palácio, com destaque para o presidente da ALEGO, o Deputado Bruno Peixoto, que tem se movimentado bastante em todas as bases políticas do estado, como um tubarão em um aquário.
Esse é o game, esse é o Jogo do Poder.
Na opinião desse simples jornalista que vos escreve, nesse tabuleiro político, o entorno está preste a receber um xeque mate, mais uma vez ficará de fora do Palácio das Esmeraldas.
E você, o que pensa sobre isso?
Qual a sua opinião?
O Jogo do Poder com Marcos Alexandre.