Na última edição do programa Imparcial na TV, o jornalista Marcos Alexandre entrevistou Juan Gallardo, um argentino cujo coração pulsa pelo Brasil. Empresário, instrutor de armamento e tiro, e tatuador nas horas vagas, Juan compartilhou sua trajetória marcada por desafios e paixões.
Juan conta que enfrentou adversidades desde jovem, sendo expulso de três escolas devido à sua natureza empreendedora e aversão às regras. Ele relembra sua infância na Argentina, onde, apesar das dificuldades, desenvolveu sua paixão pela caça e pelo tiro, acompanhando seu pai em jornadas emocionantes.
A decisão de migrar para o Brasil foi motivada pelas oportunidades que o país oferecia, especialmente na área bélica. Ele menciona as restrições políticas na Argentina, que limitavam o crescimento desse mercado. Sua transição para o Brasil foi impulsionada pela busca de novos horizontes e desafios.
“Fui uma criança bastante complicada, sempre questionando e seguindo a linha do empreendedorismo. Sempre fui contra a maré das regras, e como era argentino e falava espanhol, havia algumas nuances por ser uma criança na Argentina.” Contou
Ao abordar sua relação com o país, Juan expressa profunda gratidão.”O Brasil é o país que está me alimentando, me deu oportunidades, pessoas, descobertas. Eu tenho muita gratidão”. Ele ressalta a receptividade brasileira e a oportunidade de prosperar em um cenário desafiador.
Paradigmas da caça no Brasil
Ao abordar os paradigmas da caça no Brasil, o jornalista Marcos Alexandre questionou Juan sobre a interligação entre a paixão pela caça, herdada de seu pai, e seu empreendedorismo no nicho bélico. Juan revela que sua inclinação para empreender surgiu desde a infância, onde já demonstrava interesse em comprar e revender itens, adquirindo suas próprias posses sem depender de terceiros.
A decisão de adentrar o mercado bélico brasileiro foi moldada por uma oportunidade única que Juan identificou. Ele destaca a peculiaridade de buscar algo diferente, algo que poucos se atreveriam a explorar. “A afinidade com o mercado bélico se uniu a essa paixão, pois representava uma oportunidade diferente. Foi quando identifiquei o nicho do tucunaré, algo único no mercado, e começamos com uma loja pequena na galeria dos Estados, com apenas 16 metros quadrados. Foi um trabalho árduo, vendendo de tudo, desde armas até artigos de pesca. Ao longo do tempo, expandir o negócio, e hoje, conseguimos alcançar um faturamento de sete dígitos, saindo do patamar de dois dígitos.”
Além do segmento bélico, Juan compartilha que seus empreendimentos se estendem a outros setores, incluindo moda e tecnologia.
Indagado sobre sua escolha de empreender no Brasil, ele destaca a vastidão e riqueza do país, com sua população expressiva de 200 a 220 milhões de habitantes. Ele ressalta que, apesar das adversidades, o Brasil mantém “uma cultura sólida de trabalho, alimentando-se e resistindo em meio às circunstâncias desafiadoras”.
Sua decisão de permanecer no Brasil é embasada na percepção de que, “onde há pessoas, há oportunidades”. “No meu país, por exemplo, a população de São Paulo equivale à população de todo o meu país. Do norte ao sul do Brasil, é um país que alimenta uma nação próspera, com inúmeras oportunidades, apesar das dificuldades tributárias e políticas. Na minha visão, o Brasil tem tudo para dar certo, e eu continuo acreditando e gostando do país, das pessoas aqui.”
O empresário destaca o caráter dos brasileiros, descrevendo-os como acolhedores e prontos para ajudar, mesmo em meio a adversidades.
Ao abordar a identidade nacional, Juan destaca a diferença entre brasileiros e argentinos, ressaltando que enquanto é raro ver um argentino usando a camisa do Brasil, o contrário é comum. “Isso porque o caráter do brasileiro é diferente, é mais acolhedor, disposto a ceder, abrir a casa e ajudar a sua família.”
Porte de Arma
Sobre a cultura do porte de arma no Brasil, Marcos compara a mentalidade americana, onde o acesso às armas é culturalmente aceito e até incentivado, com a realidade brasileira marcada por paradigmas e tabus associados às armas de fogo. Ele questiona se o Brasil, neste momento, estaria maduro para adotar uma postura semelhante à dos Estados Unidos.
O empresário aponta que a legislação em outros países, mencionando que o uso de arma de fogo em situações cotidianas, como discussões de trânsito, resulta em penalidades severas, dobrando as pernas. “Em outros países, se você usar uma arma de fogo durante uma discussão de trânsito, a penalidade será dobrada, incluindo ameaças. A lei é eficaz, pois aprendemos que chamar alguém de terrorista, mesmo uma pessoa sentada com uma bandeira durante uma manifestação, pode ser tratado como terrorismo, então também funcionária no Brasil”, disse.
Ao discutir a regulamentação no Brasil, o instrutor destaca que, devido à rigorosa fiscalização, as faturas de seu negócio sofreram uma queda significativa, atingindo mais de 95%. Ele fala da necessidade de cumprir as normas, apontando que não há alternativa, e reflete sobre o impacto dessa realidade nos empreendedores do setor. “Hoje nós caímos. Nossas faturas caíram mais de 95% por cumprir à risca. Tem que cumprir. Não tem como”, conclui.
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