O Imparcial podcast desta semana recebeu os cantores e compositores Júlia Moreno e Cleiton Nascimento para um bate-papo sobre a vida, projetos e muita música.
Júlia Moreno começou sua carreira nas cidades turísticas ao redor da capital em 2007 e, desde então, tem conquistado fãs e admiradores em todo o país, mostrando a beleza e versatilidade da musicalidade brasileira por onde passa. A cantora se considera uma artista das brasilidades, ama música brasileira e é apaixonada pela cultura nacional, cantando todas as vertentes. Suas músicas de maior sucesso são: “Tempo de Mudar”, “Morro” e “Telegrama” (regravação do single de Zeca Baleiro).
Júlia se define como uma mulher apaixonada que não desiste de seus ideais, acredita em mudanças e melhorias, e se declarou como ‘ativista da felicidade’. Ela declarou que sua musicalidade vem dessa mistura que é Brasília, com pessoas vindo de vários estados e formando essa combinação.
Cleiton Nascimento, filho do músico Jorge Melodia, cantor local de Brasília de muito sucesso nas décadas de 70 e 80, ingressou na música em 95 por um projeto da escola que teve muito sucesso, o qual, além de acentuar a musicalidade, ajudava os adolescentes da época a sair das ruas. Uma vez que a região da Ceilândia, além de muitos problemas, sempre teve muitas oportunidades também, ele passou por grupos como Exatidão, Sementes do Samba, Grupo Dilema e Papel Machê, e teve uma revigorada espiritual e musical na igreja, retornando aos palcos agora com o grupo QDQA.
Cleiton, nascido e criado em Brasília, na cidade de Ceilândia, revelou como começou sua história na música. “Sou um sobrevivente de vários percursos que tinham tudo para dar errado, mas graças a Deus não deram. Tive algumas experiências muito boas dentro da música, começando com meu pai em 1995, quando entrei nesse projeto da escola, que começou a me direcionar para o que era a música para minha vida”.
Ele conta que foi através de um projeto da escola, direcionado para os meninos mais dispersos e travessos, que começou a se interessar pela música, apesar da influência do seu pai. “Quando ouvi aquela batucada, pedi para tentar tocar e comecei tocando”. Ele ainda conta que teve influência no samba de grupos como Inimigos da HP e Fundo de Quintal.
Religião e músicas seculares
O jornalista Marcos Alexandre perguntou sobre os cantores estarem no mercado gospel, se a pessoa é evangélica e tem uma carreira secular, ela sofre muito preconceito. Como foi para você essa passagem no gospel?, ele respondeu:
“A gente tinha que quebrar tabus para entender ou tentar mostrar que a profissão pode andar paralela à sua fé sem você misturar as coisas. Eu acho que o fator músico e a igreja, por exemplo, e viver da música na igreja, é algo complexo para quem é da igreja. Hoje já não sei os cantores que já estão despontando e mesmo assim enfrentam várias barreiras, vários problemas, no sentido de não misturar a parte profissional com a parte ministerial. Eu não consegui romper isso, então eu continuo sou um amante de Jesus Cristo, amo Jesus Cristo, mas eu preferi desvincular”, disse.
Marcos Alexandre elogiou a cultura da música brasileira, mas questionou que hoje em dia as letras estão muito fúteis. “Houve uma regressão musical muito grande na questão de conteúdo de letras no Brasil de 90 para cá. Nem me fale, eu vejo as mulheres sendo muito banalizadas em algumas letras, por exemplo. Vocês cantaram canções lindas e maravilhosas, e aí você vê hoje no mercado brasileiro músicas com letras terríveis”. Ele questionou se é fácil cantar qualquer música.
A cantora Júlia afirmou que está à disposição para o gosto musical do casal e que canta o que foi pedido, mas afirmou não se sentir bem cantando certos tipos de música. “Em casamento é um nicho ao qual a gente tem que estar aberto ao casal e à família do casal. Eu gosto muito desse nicho também, então é um nicho que eu não tenho preconceito, mas…”
Já o cantor Cleiton Nascimento disse não conseguir cantar aquilo em que não acredita. “Eu particularmente gosto muito de samba e pagode. Hoje em dia ainda existem composições muito boas, porém o mercado não pede isso, o mercado pede algo mais fútil”, declarou.
Primeiras composições
Os convidados explicaram como surgiram suas primeiras composições. Cleiton disse que sua primeira composição foi feita no chuveiro. “No banheiro, tomando banho, do nada me veio umas ideias. Eu desliguei o chuveiro, peguei a caneta, escrevi ali, já criei a melodia. Eu não toco nada, então criei a melodia, gravo no celular e vou atrás de algum amigo que é instrumentista. Eu estava com 32 anos quando comecei a compor”.
Júlia falou sobre a composição da música “Tempo de Mudar”. Ela disse que teve inspiração na pandemia, com tantas mortes, e afirmou que era tempo de “se reinventar”.
“Eu acredito que essas composições minhas são recados para o mundo e que eu preciso falar. Não são recados para mim, não sou eu. Eu comecei a ter coragem para compor porque tem muita gente que compõe e não tem coragem de falar, de cantar, e eu acho que esses recados que a gente tem coragem de expressar, eles têm que ser ditos. Então, as minhas composições eu vejo dessa forma, mas eu já compus também para pessoas que queriam algo específico”, completou.
Futuro dos músicos com a Inteligência Artificial
Questionados se a inteligência artificial seria uma ameaça para os músicos, Julia disse não se sentir ameaçada e está preparada para o que está por vir e para as novidades da IA. Cleiton apontou que na questão instrumental pode ser uma preocupação, mas o cantor ainda está longe de ser substituído, já que precisa passar emoção ao cantar.
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