“Eu acabei com a Lava Jato”: anos depois, Collor é preso por condenação ligada à operação

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Apesar do desmonte político, investigações da Lava Jato seguem produzindo efeitos: ex-presidente foi condenado pelo STF por corrupção na BR Distribuidora

Mesmo após o enfraquecimento e a dissolução da força-tarefa da Lava Jato durante o governo Jair Bolsonaro, os desdobramentos da operação continuam a impactar a política brasileira. Prova recente disso é a prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, ocorrida nesta sexta-feira (25), em Maceió. A ordem de prisão foi expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com base em uma condenação ratificada a partir de inquéritos oriundos da Lava Jato.

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Em outubro de 2020, Bolsonaro declarou:
— Eu acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção no governo.

A frase resumia o tom da época, em que o então presidente tentava se desvincular da operação e reforçava a narrativa de um governo imune a escândalos. Na prática, no entanto, o desmonte da Lava Jato foi impulsionado por medidas concretas: a escolha de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República — fora da tradicional lista tríplice — e a escalada de tensões com membros da força-tarefa. Em 2021, a Lava Jato foi oficialmente desmobilizada como força-tarefa autônoma.

Mas, como demonstra o caso de Collor, o legado da operação segue ativo no Judiciário. Em 2023, o ex-presidente foi condenado pelo STF a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As acusações envolvem um esquema de propinas milionárias relacionadas a contratos da BR Distribuidora com empresas como a UTC Engenharia — alvos diretos das investigações da Lava Jato.

Segundo os autos, entre 2010 e 2014, Collor teria recebido cerca de R$ 20 milhões em vantagens indevidas. Durante a fase de buscas, veículos de luxo como Ferrari, Porsche e Lamborghini foram apreendidos em sua residência, em Brasília.

A ironia do episódio é evidente: um presidente que se orgulhou de “encerrar” a Lava Jato presencia, anos depois, a prisão de outro ex-presidente por causa dela. Mesmo desmobilizada politicamente, a operação ainda produz efeitos jurídicos — ainda que em ritmo mais lento e fora dos holofotes de outrora.

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