Variante XEC do Sars-CoV-2 detectada no Brasil: Vigilância e preocupações

17_07_2020_covid_testes_exame
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Uma nova linhagem do vírus Sars-CoV-2, chamada de XEC e pertencente à variante Omicron, foi recentemente identificada no Brasil, com registros no Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) detectou essa variante em amostras de dois pacientes na capital fluminense diagnosticados com covid-19 em setembro. A identificação foi feita pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, que atua como referência para Sars-CoV-2 junto ao Ministério da Saúde e à Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Ministério da Saúde e as secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio de Janeiro foram imediatamente informados sobre a descoberta, e as sequências genéticas foram disponibilizadas na plataforma Gisaid. Após a detecção no Rio, também foram depositados genomas da linhagem XEC provenientes de amostras coletadas em São Paulo e Santa Catarina.

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A OMS classificou a variante XEC como sob monitoramento em 24 de setembro, devido a mutações que podem impactar o comportamento do vírus e aos primeiros sinais de “vantagem de crescimento” em relação a outras variantes. A XEC começou a ser observada em junho e julho de 2024, com um aumento significativo de casos na Alemanha, e rapidamente se espalhou por pelo menos 35 países, totalizando mais de 2,4 mil sequências genéticas na Gisaid até 10 de outubro.

Segundo Paola Resende, pesquisadora do IOC, dados internacionais sugerem que a XEC pode ser mais transmissível do que outras linhagens, mas seu comportamento no Brasil ainda precisa ser avaliado. “O impacto dessa variante pode não ser o mesmo aqui, pois a memória imunológica da população varia em cada país”, afirmou.

A detecção da XEC foi parte de uma estratégia de vigilância que aumentou o sequenciamento de genomas do Sars-CoV-2 no Rio de Janeiro em agosto e setembro, em colaboração com a Secretaria Municipal de Saúde. Apesar da presença da XEC, o monitoramento confirmou que a linhagem JN.1 continua a ser a predominante no Brasil.

Embora os dados atuais não indiquem um aumento significativo nos casos de covid-19 na cidade, Paola Resende alertou para o enfraquecimento da vigilância genômica no Brasil, enfatizando a importância de um monitoramento contínuo para detectar novas variantes e acompanhar o impacto da XEC.

Além disso, as informações sobre as linhagens em circulação são cruciais para ajustar a formulação das vacinas contra a covid-19. A OMS mantém um grupo consultivo que se reúne semestralmente para discutir a composição das vacinas, com a próxima reunião agendada para dezembro.

A variante XEC surgiu pela recombinação genética entre cepas que circulavam anteriormente, um fenômeno que ocorre quando um indivíduo é infectado simultaneamente por duas linhagens virais, resultando na mistura de seus genomas durante a replicação viral. Essa linhagem apresenta trechos dos genomas das variantes KS.1.1 e KP.3.3, além de mutações que podem facilitar sua disseminação.

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